escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

PUJA




To devote oneself to the supreme.

To be able to bow to the divinity residing in all that is, 
offering the subtle matter of the maha bhutas, 
drawing the borderline between sukshma and sharir, 
to reach the untouchable, by making it tangible…

To see the sight of what has no shape
To hear the voice of the inaudible, becoming one with silence
as this pervading force encompass akash himself...

To taste the flavour of blissfulness, 
unperceived by what is limited... as it has no boundaries...

To be one with what surpasses comprehension
as a devoted act of faith 
- the driving wheel of humanity... the glimpse, which resides in ourselves 
as the improbable proof that proves what is beyond evidences..

As a leap to the unknown… 
each time you burn an incense, each time you bejewel with flowers…

giving life to what enlivens...

being one… just being One…



September 2018
By Luzia

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Poema élfico

Sentada naquela pedra
onde leitos de rios se banhavam
e flores perfumadas se ostentavam
vi nascer de um local sombrio
três seres
de mentes severas e olhares distantes
duros como diamantes
e cavalgaram as águas sem dó nem piedade
deixando suas marcas cravadas em cada gota de orvalho que teimava em não cair.
Um elfo, de ramequim empunhado
sentiu nao ser de seu agrado tamanho chinfrim
Chamou as fadas, e os faunos, os pegasus e minotauros
e em três tempos de segundo, fizeram sacudir o mundo.

Três tempos ligeiros, embora tao certeiros 
enfrentaram os diabretes, que caíram dos seus corcéis 
e num segundo, se transformaram em seis

Ah! que diabo! os bichos pegam pesado! Quanto mais os afinfas mais se desdobram!
E agora? refeitos que estamos… quantos de nós sobram? será que os conquistamos?

Travou se uma luta entre o bem e o mal
mas se mais se caíam em dobro se erguiam!
tornou-se esta luta, luta desleal...

Faunos e fadas e miticos seres 
se esgotavam em guerras sempre a perder
Formou-se um exercito, qual erva daninha
Não há que lhes pegue, nem febre nem tinha...

Sentada na pedra olhei espantada
observando de longe uma fada de espada
os elfos com armas, os pegasus com mísseis
mas tudo os alimentava, que tempos difíceis!

Olhando da pedra, por cima do mundo
vi gerar-se guerra a cada segundo
- Oh gente distante, que fazeis vós?
Carcaças de diamante, olhar tão feroz
Ira agonizante com desfecho atroz..

Olhai-os de frente que se alimentam do mal!
Colhem os frutos que semeais no quintal!

De pé me encontro agora sem medo
Preciso dar rumo a este mísero enredo
Aos trinta mil seres que se abriram dos três 
Estendi-lhes um abraço como mais ninguém o fez.
Sumiram-se uns quantos, evaporaram-se mil
Fizeram-se em água para as chuvas de Abril
No meu regaço um só ser permaneceu vivente
Era a alma de um anjo feliz e contente
que Amaldiçoado pela bruxa que não conseguiu seu amante
foi confiscado por ela para oprimir seu semblante
A ira foi tal que lhe rogou em praga
tudo o que me faças, em dobro serás paga!

Assim, toda a defesa fortalecia este ser 
que cego de raiva queria crescer
Mas quando o amor se mostrou de perto
Em três tempos ligeiros chegou-lhe ao afecto
E ao seu castelo armado, depressa,
lhe caiu o tecto.

Sentei-me na pedra, dorida, cansada
Agora sem feras, ficaram as fadas
meu anjo da guarda se guardou comigo
em três tempos ligeiros construi-me abrigo

Incensos brotaram das flores perfumadas 
e os leitos dos rios todos de mãos dadas
formaram um caminho sagrado, divino
para dar amor a qualquer peregrino

E diz quem lá vai e na pedra se senta 
que se ouve ainda a bruxa em tormenta
mas logo a brisa nos desvela o segredo
do demónio que amado fugiu com o medo
dando lugar ao anjo que guarda o lugar
para que te sentes na pedra 
em paz 
a meditar.

2015

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018



Amor
















Nos dias
em que o amor prevalece,
há no ar uma atmosfera suspensa...
Como um ritmo que quase bate
uma pausa que se anuncia
um olhar que acercadamente se cruza…

Nesses dias, 
em que o coração pulsa em pausa
e os pensamentos voam em descanso
tento por bem sentar-me e sentir-me
Para lá daquilo que reconheço… 

-Sou eu, um eu maior, 
que se exacerba em emoções 
e se constringe 
à insignificante e misera essência
da pequenez de um único sentimento?

É o Amor pois sei!
Que na sua grandiosidade abafa tudo aquilo 
que os Outros são. 
Não há, onde ele está,
lugar para Ódio ou comiseração…

Nesses dias,
vejo escoar por entre as mãos
meu sentir arenoso, 
que ainda que rico em substância 
se torna seco em exuberância
pois a monotonia do sentir
é como um pé descalço na praia
que se afaga pelo morno abraço 
e se torna abrasivo a cada passo...

E penso, para lá de mim, 
nesta insensatez do umbigo,
e entendo o amor cego
como um pequeno inimigo
ora sôfrego ora em apego
impedindo o que instigo.

Olhamos 
o objecto da nossa absorção
sem compreender em concreto 
o Amor, 
em todo o potencial de devoção.

Reduzimos
ao - querer ter por perto -
e não sabendo alegar 
qualquer tipo de 
razão...

Encerrados no nosso centro
definimos este sentimento
com as medidas da nossa pequenez.
Resumindo-o ao ciúme, 
à intolerância, ao queixume
que nos faz perder as asas 
do mais belo pássaro
que Deus jamais fez...

Livres são os que amam!
Sem medo ou condição!
Aqueles que na areia 
sentem o mar
em vez da abrasão...
Que olham as ondas e entendem
não haver uma, à outra semelhante
e ainda assim reconhecem 
o oceano 
em sua essência platonizante.

Estou a falar-vos de amor!
Amor que ama
amor que sente!
Aquele que não hesita em dar bilhete
quando seu objecto quer estar ausente
e que sorri com afecto
pela liberdade presente
de sentir em distância 
aquilo que sempre se sente
quando o ego não nos emaranha 
e nos transportamos lucidamente. 

Estou a falar-vos de liberdade!
Liberdade que vibra
liberdade que solta
aquela que ama e não castra
e envia, 
sem esperar de volta….

Nos dias em que o amor prevalece
olho para o arquetipo desvirtuado do amor
e entendo em mim o poder
de o retomar ao seu esplendor

Minha mente incessante 
insiste para me elevar
ao espírito livre e sensível,
e poetisar o amor
que é sempre livre e sem dor!
Aproximando-nos assim,
da divina proporção 
dos cósmicos elementos  
em sua celestial acção 
para a alquimia perfeita 
que em magia se dá
dentro do nosso coração.

Há algo de muito errado em angustiar
essa pausa a que o coração nos sujeita
deixando em suspense tudo aquilo que 
nos invade, somos, 
ou ilusoriamente imaginamos, que daí advém

Essa pausa, que de tão estranha 
nos estremece
é o perfeito degrau
para a divina beatitude
que ao mundo engrandece

Sou eu que ao sentir-me me sento 
e engrandeço por dentro 
ao explorar o amor
aquele, que não toca, nem deseja 
mas que ainda assim almeja
sentir-se em comunhão
com todo o seu esplendor

Abrindo os braços ao céu
e abarcando no seu interior
tudo o que existe na criação, 
me deixo sem reservas, 
completamente enamorada
desta voluptuosa sensação
que de areia monótona e abrasiva
se tornou em terra rica e nutrida
onde posso pisar meu chão
sem jamais depender do Amor
para ser aquilo que eu for
e sentir meu coração.

Amor amor...
Sim! 
Se for
de elevada vibração.

Luz Peixoto
14.02.2018

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

2018




Tic Tac Tic Tac
Pára o relógio.
Tic Tac Tic Tac
De novo suspensos...

Entre o ontem e o hoje
um segundo de distância
um suspiro que se expira
novo alento de esperança

Tic Tac Tic Tac
Te desejo um novo dia!
Tic tac Tic Tac
Saúde! E alegria!

Entre a vida e a morte
saboreia-se o presente
Uma Busca pelo Norte
Um desejo de Oriente

Tic Tac Tic Tac
E a vida continua
Entre rotas e derivas
como um barco que flutua...

Pára o relógio. Para a Vida...
Num momento de suspense
Da qual depende a nossa ida
Como num qualquer romance
Onde a sorte se faz da ferida
E buscamos num relance
Um sentido p'rá partida

Tic tac Tic Tac
cada mês um novo plano
Tic Tac Tic Tac
Te desejo um novo ano!

E se bem me lembro agora
Que me vejo mais além
Não passou nem uma hora
Já entendo o que aí vem

Tic Tac Tic Tac
Novo ano. Nova vida!
Tic Tac Tic Tac
Tudo igual... Outra saída?

Onde há sonhos, há vontades 
que residem em persistência
Num mundo de vãs vaidades
Onde Espirito é uma ausência.

Tic Tac Tic Tac
E a vida continua
desejos e realidades 
despidos de tais vaidades
como de luz se despe a lua.

Bate o relógio. Começa a vida...
E um momento de felicidade
Faz-nos ver de cabeça erguida
O que na sombra se fez verdade
Como numa floresta ardida
que das cinzas renasce tarde
de um novo ponto de partida.

Tic Tac Tic Tac
E assim se livra o velho
Tic Tac Tic Tac
Novo alento ao veres-te ao espelho

Tic Tac Tic Tac
E assim és luz-visão
Tic Tac Tic Tac
E te sentes novamente
Carregado de Paixão

Como um engenho propulsor
que vai esvaíndo o amor
a cada novo fulgor
do calendário em acção

Dias Sim, sem dias não.
Pois no meio da ilusão
Resta só o entendimento
de que o que somos cá dentro 
Não nos leva nem o vento
nem o relógio em andamento...

Mas apenas o movimento
que nos leva à imaginação
Nos faz seguir sem tormento
as linhas da nossa mão.

Tic Tac Tic Tac
PÁRA O RELÓGIO!! COMEÇA A VIDA!!
Tic Tac Tic Tac 
ABRE OS TEUS OLHOS! SÊ A SAÍDA!

Tic Tac Tic Tac 
Tac  Tic  Tac  Tic...
Tic

Tic

Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiic.




Luz Peixoto
1 Janeiro 2018