Às vezes, quando anoitece, as sombras escuras afagam-me os cabelos. Sinto o carinho dos seus gestos como se a sua mão fosse permanentemente minha e eu pudesse sem medo encontrar-me no seu corpo. A solidão do desencontro encontra fuga nos gemidos da noite, na verdade oculta em mim... Prazeirosamente passeio, pavoneada, crescente. Encontro balanço na atracção-repulsão das partículas moleculares da socialização. Um sorriso- engana o mundo nas suas mil formas! Tranquilamente, vagueando, elogia o corpo com a direcção do vale-tudo: à noite, tudo é possível, se o objectivo é ser contente. Alucinadamente, ingerindo a química perfeita no momento para a matéria cerebral, ocorre a mudança. Somos já filmes diferentes que se reunem e unem para celebrar; ao contrario dos desunidos filmes diurnos onde vale-tudo para ser gente.
A solidão e as sombras afagam me os cabelos. A repulsão atrai-me o silêncio. E, silenciada, inícío a fala que sabe a inferno e cheira a paraíso.
Encontrar-me-ei na solidão... e isso é tudo o que basta!
11.11.2011
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