Medo?
de olhar, sentir, encarar o que eu sou?
De ver ao espelho a menina do olho,
mergulhar lá dentro e, por dentro,
rever-me no emaranhado de ditos, dizeres e ouvires,
que me percorrem em constância, permanentemente assombrosa e assombrante
e me fazem ouvir TUDO,
menos o bater do coração
e o ritmo pausado da minha respiração?
Medo?
De ser e estar só, e em solidão ser capaz de sentir a presença redundantemente infinita e presente do eu?
De espernear a minha mente contra o meu corpo internamente almofadado,
e nesse extase maníaco,
deixar cair os véus, os braços, as forças e render-me à nobre visão de mim em mim?... só? livre?
Respiro sem alento... e lentamente renasço das cinzas ainda em combustão.
Olho-me no espelho,
e pela menina do olho reconheço-me plena: - braços e pernas e coração e integridade.
E sendo e estando só,
sou capaz e sinto a presença redundantemente infinita e limitadamente alcançável
da liberdade que transbordo quando me reconheço só.
Amo a liberdade tal qual amo a solidão.
Que infinitamente unidas pelo fechar dos olhos, me fazem mergulhar, pela menina do olho, na beleza infinita da criação.
A liberdade conspirante, afasta os ditos e os dizeres, e assombrosamente os ouvires passam a NADA, ou ao que resta dele…
De olhos fechados, só, livre,
finalmente reconheço, ouço e agradeço o som pausado,
ritmado, da minha respiração.
Luzia Peixoto
11.Abril.2017
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