À noite
às vezes,
sopra
o vento.
Às vezes,
chora
a ausencia.
Às vezes,
fecha-me os olhos
e diz-me baixinho
-dorme!
Eu,
olhos abertos
mente volante,
às vezes
choro.
E sopro
a ausência
pra longe...
Às vezes,
faço dia
no peito
e sol no umbigo
e deleito-me
nesse sabor
sem tempo
de lua cheia
em céu estrelado,
e corpos cobertos
de nuvens densas...
Às vezes…
E o riso trovejante
de uma mente em delírio
e a respiração
decrescente
de uma placidez
repentina
e acalmia
no olho da tempestade
e…
Fecho os olhos
quando
às vezes,
é dia.
E também às vezes
a brisa da aurora
me diz baixinho
-desperta!
Eu,
sono profundo
numa realidade sonâmbula
e, às vezes
acredito!
Que é dia fora do peito
e que o sol não é umbigo
mas bate nele!
Que resplandesço
por empatia
e semelhança
- Sou espelho.
De olhos abertos ou fechados,
- já não sei -
mas sei que que o céu estrelado
permanece pra lá das pálpebras
que as nuvens densas
estão para lá dos corpos
e que eu não sou corpo nem pálpebras
nem dia nem noite
e, às vezes,
realizo
a ilusão
e o véu
e o brilho
e o sonho
- e cansa isso! -
E volto para casa,
de olhos fechados
e dia no peito
e permaneço desperta
na ausência...
E o vento...
sopra...
Sempre! Sempre!
Texto: "Véu" por @luz.peixoto (segue também no instagram)
Photo: @egidiosantosfoto (obrigada por esta inspiração!)
Luz Peixoto
Dezembro 2021
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