escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Poema élfico

Sentada naquela pedra
onde leitos de rios se banhavam
e flores perfumadas se ostentavam
vi nascer de um local sombrio
três seres
de mentes severas e olhares distantes
duros como diamantes
e cavalgaram as águas sem dó nem piedade
deixando suas marcas cravadas em cada gota de orvalho que teimava em não cair.
Um elfo, de ramequim empunhado
sentiu nao ser de seu agrado tamanho chinfrim
Chamou as fadas, e os faunos, os pegasus e minotauros
e em três tempos de segundo, fizeram sacudir o mundo.

Três tempos ligeiros, embora tao certeiros 
enfrentaram os diabretes, que caíram dos seus corcéis 
e num segundo, se transformaram em seis

Ah! que diabo! os bichos pegam pesado! Quanto mais os afinfas mais se desdobram!
E agora? refeitos que estamos… quantos de nós sobram? será que os conquistamos?

Travou se uma luta entre o bem e o mal
mas se mais se caíam em dobro se erguiam!
tornou-se esta luta, luta desleal...

Faunos e fadas e miticos seres 
se esgotavam em guerras sempre a perder
Formou-se um exercito, qual erva daninha
Não há que lhes pegue, nem febre nem tinha...

Sentada na pedra olhei espantada
observando de longe uma fada de espada
os elfos com armas, os pegasus com mísseis
mas tudo os alimentava, que tempos difíceis!

Olhando da pedra, por cima do mundo
vi gerar-se guerra a cada segundo
- Oh gente distante, que fazeis vós?
Carcaças de diamante, olhar tão feroz
Ira agonizante com desfecho atroz..

Olhai-os de frente que se alimentam do mal!
Colhem os frutos que semeais no quintal!

De pé me encontro agora sem medo
Preciso dar rumo a este mísero enredo
Aos trinta mil seres que se abriram dos três 
Estendi-lhes um abraço como mais ninguém o fez.
Sumiram-se uns quantos, evaporaram-se mil
Fizeram-se em água para as chuvas de Abril
No meu regaço um só ser permaneceu vivente
Era a alma de um anjo feliz e contente
que Amaldiçoado pela bruxa que não conseguiu seu amante
foi confiscado por ela para oprimir seu semblante
A ira foi tal que lhe rogou em praga
tudo o que me faças, em dobro serás paga!

Assim, toda a defesa fortalecia este ser 
que cego de raiva queria crescer
Mas quando o amor se mostrou de perto
Em três tempos ligeiros chegou-lhe ao afecto
E ao seu castelo armado, depressa,
lhe caiu o tecto.

Sentei-me na pedra, dorida, cansada
Agora sem feras, ficaram as fadas
meu anjo da guarda se guardou comigo
em três tempos ligeiros construi-me abrigo

Incensos brotaram das flores perfumadas 
e os leitos dos rios todos de mãos dadas
formaram um caminho sagrado, divino
para dar amor a qualquer peregrino

E diz quem lá vai e na pedra se senta 
que se ouve ainda a bruxa em tormenta
mas logo a brisa nos desvela o segredo
do demónio que amado fugiu com o medo
dando lugar ao anjo que guarda o lugar
para que te sentes na pedra 
em paz 
a meditar.

2015