escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Ausência




Em dias de silencio
As noites fazem-se gritos
Confunde-se prazer
Bebe-se a dor
Sucumbe-se ao delírio
E por fim
Costas voltadas
A ausência
Adormece
Sem amor
 
 
 
 
 
 Luzia
5Maio2021 

 


domingo, 2 de maio de 2021

The perfect shire


I would go into the sun

Walking barefoot

Hands full of none

Heart filled with joy

Soul full of fire

To with love deploy

The perfect shire


Luzia 

1 Maio 2021


sábado, 1 de maio de 2021

As mulheres estão loucas


"As mulheres estão loucas!”
Estão, estão loucas. 

Libertaram-se do cérebro no tempo certo. São meninas de afetos e não de números, e trocam as prendas por um beijo.
As mulheres estão loucas e folgo em vê-las estonteantes, apressadas, olhando a miséria humana desde a orla do terraço.
Olho os rouxinóis lá fora e copio-lhes o chilreio na esperança de afastar a tempestade que se aproxima. A tempestade, é invisível aos olhos dos incautos, mas por dentro, aos atentos, faz-te saborear um beijo verde musgo de pés descalços. 

Às seis da manhã ou às oito da noite, percorro o carreiro de gatas e reflicto-me no ribeiro. Estão loucas sim! Não aguentam mais a miséria humana do que não olha e se torna insensível ao pedido de socorro.

As lágrimas que correm, choram o ribeiro mais forte e os joelhos doridos sobre aquele chão sempre azul para mim, doem no peito. O amarelo, habita apenas os sonhos de Nampula e de outras vidas em castelos e barracos, e faz-me fazer a mala e mergulhar na meditação. 

    - Fecho os olhos por instantes e sei, que nada nos aprisiona.-

Estamos loucas sim!
Socorro!
Que dói demais ser invisível! Que dói demais ser toda a vida escrava!
Cuido de todas as coisas que fazem arder por dentro. Não quero que sejam cinza cedo demais. Não quero que o ritmo das coisas seja sempre caos. Que o caos habite, e que não me importe! Que me faça artista e não me morra! Que me fiquem a saber em 5 minutos! Porque não me escondo. Mesmo sendo invisível aos olhos...
Não se pode perder tempo se o destino é o mel, e eu ajoelhada e o homem arreado e os gritos das loucas que se impõem Mulheres, porque há coisas sabem, que queremos dizer nos intervalos do mundo - quando a loiça já se lavou e o estudante já não caga porque imaginem: Cresceu. 

Tudo se passa num segundo e esta alma insurrecta estarrecida no ribeiro que cresce e já é rio de sal. Porque os males do mundo não cabem num coração tolo. Porque os males do mundo fazem as mulheres irmãs sofredoras, e nos tingem as nuvens em forma de coelhos de negro tempestade em tom de presságio 

    - As mulheres estão loucas e ousam sonhar outra vez!-

Penso arrastar-me dali para fora antes que me inunde o sal as veias, mas é tarde demais para caminhar prostrada!  No silêncio diurno ecoa a tempestade e eu, trovejo para fora de mim mesma! E ouço eco das minhas irmãs. Somos revolta elementar e bradamos, resgatando o respeito.
Quando a loiça está lavada e a criança já mamou. É nesse intervalo de suspiro que nos reconhecemos. 

As mulheres são loucas quando se levantam.
Pode às vezes parecer tarde aos olhos da miséria humana. Mas o tempo, é esse intervalo, em que nós somos. 

De pé, cabelos ao vento, joelhos feridos, sorriso nos lábios.
O bosque deixou de ser medo para mim.
A liberdade, caminho-a agora, de cabeça erguida.
Sendo louca, sou completamente livre.
Não perderei tempo.
Encontrarei o mel. 

 

Luzia Peixoto

1 de Maio 2021

#ouvirosoutrosdáfruto
in oficinas de escrita TKNT