escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

sábado, 30 de julho de 2011

hoje o dia está de sol! e cheira a flores quentes de amor! quero passear neste aroma fresco aquecido, voar na brisa húmida marítima e sentir o meu coração pulsar com a felicidade divina de estar entre o prazer de um mergulho e o prazer de mergulhar em ti. simplesmente... porque o amor prevalece e enriquece o meu dia! :)


28.07.2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011



















Será?

Procuro perceber
quantos pedaços de mim mesma
terei ainda que apanhar
no enredo das noites perdidas
que tento inutilmente esquecer
e que permanecem em mim como os sinais
que possuis e vais deixando aqui e ali

trazes em ti a crueza das palavras
o olhar distante
mas um coração magnetizado
que teima em pulsar...

NÃO VOU DEIXAR!...

Temo...

O medo encontrou em mim uma nova morada
uma casa, abandonada,
sem força,
janelas pendentes
portas sem batentes
que rangem com o vento
gritando o seu lamento
sentindo solidão...
entradas cerradas
contas fechadas
já não há luz neste casarão!...

Sombrio se ergue
permance,
o soalho cede... apodrece
remoinhos de poeira
entram pelas frestas
que se abrem à luz solheira
em frinchas ténues
que revêem o brilho esquecido

a inesperada saída
deixou o espaço coberto de um pó
expectante, frustrante...
as janelas ficaram abertas,
esquecidas...
e por elas entra agora tudo.

batem com força
empurradas pelo vento
uma contra a outra
uma sobre a outra..
solta-se uma dobradiça
fica solta a portada,
eminência de queda
aluimento de terra
poças que se formam
da chuva que goteja
in.sis.ten.te.men.te....

a casa rende-se...
entrega-se à dor
pede que a inundem
com água, com sol,
com pó e vento cósmicos
tentanto com todo o Universo
sentir o preenchimento outrora
existente.
Deixa-se aberta a ocupações ilegais
na tentativa que a manutenção seja feita
e não impluda sobre si mesma...
Mas mantém-se fechada...
A porta principal foi,
antes da fuga,
cuidadosamente cerrada,
polida,
envernizada
oleada,
uma, duas, três, quatro voltas à chave...
blindagem completa,
trancas que sobem do chão ao tecto
fachada tratada com afecto
- Uma cara lavada...
num corpo deserto.

Quando voltares,
a fachada sorrirá!
e a porta oleada
será apenas travada
pelos escombros
caídos lá dentro,
onde não houve tratamento...

tarde será?

pé ante pé
procurarás entrar,
caminhar,
sentirás o chão ceder
debaixo dos pés
da mesma forma que cedeu
sobre os alicerces da casa
quando desleixadamente
fechaste a porta.
O sol que entra pelas frestas
abertas pelo tempo e pela dor
sugerem a beleza acabada
da tinta esbatida e empoeirada
nas paredes.
janelas sem cortinados
como gostavas de ter,
e que permitiam a transparência
-nunca
realmente existente
de ti-
fazem ver agora com mais clareza
a diferença abismal
entre o brilho e a sombra
entre a vida e a morte
entre a saúde e a doença..
a casa tosse... catarrenta
espirra... bolorenta
geme, dorida,
com poucos sinais de vida...
quererás entrar?
saberás cuidar?
“terás agora vontade
que nao tiveste quando
era esplendorosa,
para me habitares?”
Limpando o pó,
os pedaços de uso
deste e daquele que
tentaram lá viver
mas que cedo descobriram
a não condição
das condições...

abrindo a janelas
escancarando de novo os portões,
amornando a sombra fria,
que permaneceu imemorialmente,
com o sol vivo e sempre quente
e que secará a seu tempo
o cheiro bafiento das madeiras
molhadas pelo choro
de anos de chuva,
que impregnadas
e moles ainda assim resistiram?


Ou virarás mais uma vez
cobardemente, as costas...
e fecharás agora a porta, sem cuidado
quatro, três, duas, uma, nenhuma vez à chave
batendo, com força.
fazendo saltar o pó...
fugindo.
um último golpe
sem dó
tremendo...
ruindo...

O som dos escombros a cair...
ensurdecedor...
a onda de choque da implosão...
plena de vigor...

e tu afastando-te,
imune...
surdo, insensível...
olhos fechados...
certo de mais uma vez estares
a fazer o correcto.

caminhas... sem olhar para trás...
Coração escudeado, e pensamentos ilusórios
que te ditam a sentença a que te sujeitas.
E pensas: “Um dia... voltarei aqui!...”

Telepáticamante, no seu sufoco terminal
responde-te
“ESTOU NO CHÃO!...”

Será... tarde... demais...
?
21.06.2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Buscando-te...

Na busca incessante de te encontrar
perco-me em encontros furtuitos
onde o prazer se mistura com a avidez do teu beijo.

Sou o objecto nas mãos do corpo,
sedento de prazer, violentado pela perda...
Tento desenhar-te nos jogos momentâneos de sedução
onde sinto a semelhança de ti

entrego-me ao sabor... ao tacto...
mas revejo-nos apenas nas sensações memoriais
que perduram em mim como se continuasses cá dentro

beijos perdidos nas bocas voluptuosas de corpos esbeltos de mulheres
fazem–me também acreditar ser esse um caminho
para cessar esta procura
és presença constante em não presença
e isso faz-me perder o rumo de mim mesma
e tentar encontrá-lo
neste e naquele colo

a sensação prazeirosa e triste que alcanço
apenas me permite relembrar-te mais e mais,
quando recorro a ela na esperança de te suavizar na minha mente...

um loop constante de pensamentos...
que me transportam para as situações e locais
onde o nosso amor se cristalizou.
Vejo-te em todo o lado,
qual Deus omnisciente e todo poderoso
que controla a subtileza existente em mim

por isso, me liberto no denso, no físico...
mas ao fazê-lo aprisiono-me ainda mais...
porque te encontro em cada beijo
em cada ritmo
em cada toque...

fecho os olhos...
...
...e estou contigo novamente...
não é mais um corpo estranho que me leva....
sou guiada por ti - imaginando-te!...
Tornas-te presente, nos braços do outro...
Projecto a tua energia
num aglomerado de particulas estranhas a mim
dando sentido a essa forma que me ocupa
fazendo a realidade quântica
tornar-se na infima probabilidade
de sermos nós

e deixo que o sonho me leve,
com um nó no estômago
que insiste uma e outra vez
em devolver-me ao real...

torna-se dúbio o prazer...
torna-se inquestionável o sentimento.
E, dentro disto...
pondero a partida de um e outro mundo
na esperança vã de me libertar da dor
mas...
a viagem é de ida e volta
e inevitavelmente,
começa e acaba em ti!

e é lá que mesmo assim... regresso ao meu conforto.

17.07.2011

sábado, 16 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sorrir

Sorrindo,
sentimos o presente tornar-se
na verdade infinita guardada
em cada olhar.

corpos que se encontram ao virar de uma página
lábios que se beijam entremeados em versos
sorrisos abertos que se encontram dentro dos teus/meus olhos
Cheiros que se ouvem perfumados no teu corpo
e que gritam aromas dentro dos teus cálidos gemidos

Encontros perfeitos dentro da verdade
tornam-se mais e mais constantes
e mentiras imperfeitas desenquadradas da vida
aniquilam-se a si próprias pelo poder do amor

A verdade está ciente
da força inabalável
da alquimia entre nós.
não vale a pena esperar mais...
mas esperando, será com um sorriso radiante e a sabedoria terna de um mestre
que saberemos viver
no limbo do momento,
expectando no tempo
a demora
resolúvel no agora
e em preparação.

e será! (É)
e acontecerá! (acontece!)

Forte...
intenso...
livre!... e não denso...
um acontecimento propenso
a expandir-se e unir-se
naquilo que somos.

os corpos invadem-se
de sensações desejosas...
de beijos.. carícias...
de línguas suadas
e corpos molhados
de cheiros instintivos
provocados pelo desejo
e que invadem o invisível
que nos compõem
exacerbando mais ainda
a sensação divina da entrega.

Deixo-me ir...
Sinto-te vir...
ao meu encontro.
E o encontro é lá dentro,
no centro de nós dois
onde a fusão acontece
bem no auge da sensação.

gritando de prazer,
eu e tu,
num misto eclético
de emoções e truques descobertos
durante a viagem
sentimos o corpo desvanecer
e o adormecimento prazeiroso
dos sentidos faz-nos
sorrir assustados pela indefinição
violentamente mortífera
do renascimento que encontramos.

Os olhos fecham-se...
A paz alcança-nos...
O coração estremece...
as respirações ofegantes
entrecruzadas na pele
que é tua e minha,
e já não se distingue...
O corpo vibra, explode!
a vida toma conta de nós
num último grito! Ahhhh!

O abismo...
o vazio...
Uma pequena morte...

conforto...
paz...
flutuamos no infinito...

as emoções não mais se atropelam
mas tornam-se claras em nós
O sorriso abre-se
Os olhares cruzam-se...

Um beijo...
Terno, calmo, resolvido...

O renascimento no encontro
de si e do outro.

a clareza do que se é
e do que somos...

A cumplicidade alcançada
manifesta-se então
nas palavras sussuradas...:
“Eu amo-te!”

e a sensação inebriante
dessa droga verbal
invade e toma conta
ocupando todo o espaço
-como a vastidão de um mar.

sorrir,
torna-se assim
a única atitude poética
que espelha a verdade dos nossos corpos
...dentro do universo.


5.07.2011