escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

terça-feira, 3 de agosto de 2021


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Que a liberdade tem piolhos e não a quero
Que a fome não a tomo e me abona 

Que a dor não a compro e me inflaciona

Que a saúde me é imposta e adoeço

Que a liberdade tem piolhos mas não tem preço

Que a fome me destrona e eu me farto

Que a dor me agonia e me alivio

Que a saúde não se compra na farmácia

Que a liberdade tem piolhos e muito coça

Que a fome dá comichão mas não me mossa

Que a dor está escondida, anestesia

Que a saúde me é tirada a cada dia

Que a liberdade tem piolhos e não me importo

Que a fome só tem lugar quando eu corto

Que a dor é um sentir tão mais profundo

Que a saúde é um direito neste mundo

Que a liberdade tem piolhos e chateia

Que a fome é na Tv não na ceia

Que a dor só me toca a carteira

Que a saúde é ferramenta derradeira

Que a liberdade que é minha e não tua

Põe-te à fome habitante de uma rua

E a dor que te consome me habitua

Que saúde é privilégio que recua

Luzia Peixoto
Junho 2021

Sem comentários:

Enviar um comentário