escrever é o meu teatro mudo

escrever é o meu teatro mudo
escrever é o meu teatro mudo | 24.08.2002

domingo, 8 de agosto de 2021

Dentro





Entro na floresta pelos poros das arvores
Ouço sem medo os silvos da seiva

Sinto aromáticas as vozes das pétalas

Seremos montanhas num mundo de correntezas
Abriremos rios nas veias da terra
Cavaremos mares nas nebulosas nascentes

Entro nas dunas pelo espaço entre os grãos
Abro em audácia oásis no peito
Sinto ardente as dores do deserto

Seremos areia numa mão de certezas 
Irrigaremos sulcos na terra argilosa
Voaremos estrelas, cairemos sementes

Entro na vida pelo olho do cosmos
Sonho sem medo as mãos junto ao peito
Sinto em segredo a bênção do novo

Seremos graça 
em forma de povo



Luz Peixoto
Agosto 2021

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